A expansão da graduação à distância e seus reflexos no ensino superior

A expansão da graduação à distância e seus reflexos no ensino superior

EaD cresce em todo o país, com docentes e alunos descobrindo novas possibilidades de ensino e aprendizagem

Antes de 2020, ter um diploma de graduação por meio de EaD era uma caminho um tanto tortuoso. Muitos até percebiam com bons olhos a expansão da modalidade, mas não sentiam plena confiança em seus métodos. Outros até confiavam, mas temiam o mercado de trabalho. Desde a pandemia, no entanto, a graduação à distância se tornou, para muitos,  a única opção em seguir no ensino superior, devido ao rigor das medidas sanitárias. 

Para além das mudanças provocadas pela pandemia na educação brasileira, a graduação à distância acabou se popularizando mesmo depois do fim das restrições sanitárias. Os dados mais recentes do Censo da Educação Superior, de 2022, mostram que a modalidade EaD já abarca cerca 41,4% das matrículas nessas instituições. Nos graus acadêmicos de Licenciatura e Tecnólogos, os cursos à distância já são maioria, com 61% e 77,5%, respectivamente.

Vale lembrar que uma graduação à distância não tem que ser cumprida completamente por modalidade EaD, já que muitas instituições, com a missão em garantir a devida eficácia de seus cursos, buscam conciliar as atividades virtuais às presenciais, possibilitando que o aluno possa ter as duas experiências de forma simultânea.  Embora a modalidade EaD tenha aumentado substancialmente, há sim muitos especialistas preocupados com a eficácia dessas novas formas de ensino.

No Ecossistema BRAS Educacional, por exemplo, oferecemos modalidades parcial ou 100% a distância, a depender do curso e de suas características. A intenção é conciliar as facilidades de ensino num país tão extenso como o Brasil, sem perder os requisitos mínimos de uma graduação à distância, seja bacharelado, licenciatura ou curso técnico. Como nossa missão é estar sempre atento à qualidade do ensino, resolvemos conversar um  pouco mais com docentes e alunos dessa modalidade.

O que muda no EaD?

Com a possibilidade de estudar a distância cada vez mais possível, estudantes e instituições de ensino entenderam com rapidez que um diploma superior estava mais fácil. No entanto, para o pedagogo e docente da UniBRAS Digital, Rafael Moreira, essa leitura não necessariamente corresponde com a realidade. Isso porque estudar a distância pode até oferecer mais flexibilidade de horários e métodos de estudos, mas também exige do aluno mais disciplina na rotina de estudos. 

Ele explica que, quando se fala nas diferenças das modalidades, cursar uma graduação à distância dá ao aluno uma maior autonomia, já que ele não precisa estar necessariamente no mesmo momento do professor. Ele pode se organizar para assistir uma vídeo aula gravada, mas também pode assistir a aula em tempo real. Tudo depende das suas possibilidades, e também da organização e programação desse estudante. 

Na modalidade EaD, as possibilidades do professor também são diferentes, e isso impacta na maneira de lecionar. “O ensino à distância traz recursos digitais que podem ser usados para dinamizar uma aula. No presencial também existe a possibilidade de se usar vários recursos, seja de projeção, imagem ou vídeo. Mas existe a questão da relação direta entre o aluno e o professor, que gera uma aproximação”, argumenta. 

O docente explica que essa relação é mais simples no presencial, considerando que atividades como uma aula invertida, ou um estudo de caso já auxiliam nessa aproximação. Mas no presencial, mesmo com a possibilidade de também se realizar atividades semelhantes, há outras questões como conexão de rede, a dificuldade de saber se o aluno de fato está prestando atenção – já que muitas vezes a câmera está desligada. 

“A principal diferença é que existem intencionalidades pedagógicas diferentes. E para que não se perca a qualidade do ensino, é preciso entender que todos nós temos um objetivo em comum. E essa qualidade tem que ser mensurada em tudo, e não somente em uma prova. Há a necessidade de uma intimidade entre os alunos e professor, atrelada ao conteúdo e à disciplina. É algo contínuo”. 

Para Rafael, embora em contextos diferentes, essa questão da qualidade na graduação à distância não é diferente da graduação presencial. Isso porque, muitas vezes, mesmo o aluno estando na aula presencialmente todos os dias, muitas vezes ele também não consegue ter excelência nos resultados. 

O pedagogo também explica que há também semelhanças nas expectativas dos estudantes. Isso porque, não importa se é uma graduação à distância ou presencial, há sempre estudantes que não entendem que, em uma instituição de ensino superior, é oferecida uma formação, e não só um diploma. Assim, em ambas modalidades há estudantes que acabam se frustrando quando percebem que há estrutura acadêmica diferente, há problemas como a evasão. 

É pensando por esse lado que o professor entende que, embora a graduação à distância seja uma opção muito interessante tanto para aqueles que buscam uma formação com mais possibilidades de estudo,  e também para docentes que buscam no espaço virtual novas maneiras de lecionar e trabalhar, é necessário estar atento aos crescimento das modalidades de EaD, para que não se perca o foco. 

“Como uma pessoa que teve a oportunidade de estudar à distância, e hoje trabalho da mesma forma, penso que há necessidade de valorização da modalidade. Isso porque houve uma certa confusão de certas instituições de ensino e de certos alunos de que a graduação à distância é mais fácil, quando na verdade ela exige uma autonomia didática com disciplina”. 

Para isso, Rafael argumenta que os professores precisam estar atentos às dificuldades dos alunos, e os alunos precisam estar atentos à qualidade do ensino ofertado e das instituições que oferecem. Também aponta que a legislação do Ministério da Educação precisa estar de acordo com o objetivo de formação desses estudantes. Isso porque sem os devidos cuidados, esses objetivos não são alcançados. 

A pesquisadora, docente e coordenadora dos cursos de Fisioterapia, Educação Física e Estética e Cosmética do UniFACTHUS, Nathalia Borges, concorda sobre a necessidade autodisciplina dos alunos. Para ela, além da distância, o EaD difere do ensino presencial em termos de interação física, dinâmica da sala de aula e métodos de avaliação. 

 “No EAD há maior flexibilidade de horários para acampamento das aulas e estudo, e a utilização de recursos digitais e ferramentas de aprendizagem que podem enriquecer a experiência educacional, enquanto o ensino presencial pode proporcionar uma experiência mais imediata, colaborativa e interativa entre os alunos”, reflete. 

A docente entende que, na graduação à distância, para se manter a qualidade do ensino, é preciso estar atento ao conteúdo, com o desenvolvimento de material didático de qualidade em vários formatos. Também cita medidas como oferecer suporte técnico-pedagógico aos alunos,  promover a interação entre alunos e professores por meio de fóruns de discussão e chats ao vivo, utilizar métodos de avaliação variados e significativos, incentivar a participação ativa dos alunos e criar um ambiente de aprendizagem colaborativo, entre outras. 

“No meu ponto de vista, as maiores dificuldades no ensino a distância são a falta de interação do alunos, a manutenção da autodisciplina e gestão do tempo, e o acesso inadequado à internet de alta velocidade ou falta de familiaridade com tecnologias educacionais dificultam a participação e o acesso ao conteúdo”

O estudante Junior Shin cursa Administração na UniBRAS Digital de forma 100% presencial. Ele explica que inicialmente buscou o curso pela questão da flexibilidade, já que podendo estudar nos horários próprios, podem conciliar o estudo com o trabalho. 

“Minha rotina diária se baseia em acordar cedo e treinar. Depois vou pro trabalho e fico até às 18h. Chegando em casa acompanho as aulas síncronas do dia e faço algumas atividades”, explica. 

Para ele existem sim dificuldades na graduação à distância, como a impossibilidade do professor responder a algumas dúvidas no momento, por exemplo. Mas Junior é unânime quando faz um balanço do curso feito inteiramente na modalidade EaD. 

“Acredito que o EaD da UniBras tem muito a agregar, academicamente falando. Tem muitas ferramentas, suporte e opções para os alunos. Claro que há pontos para melhorar, mas é só o início da era Digital na UniBras. Tenho total certeza que seremos referência no quesito educação digital e temos um futuro brilhante a trilhar”. (Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação do Ecossistema BRAS Educacional)

Opções saudáveis: confira 5 alternativas para não consumir energético na rotina de estudos

Opções saudáveis: confira 5 alternativas para não consumir energético na rotina de estudos

Bebida utilizada para manter o foco e disposição é ultraprocessada, e pode causar vários prejuízos à saúde

Não é raro encontrar pessoas que fazem o uso diário de bebidas energéticas. Com uma  rotina pesada, o cansaço é um acompanhante impertinente do nosso dia a dia, e pode facilmente sabotar nosso desempenho em qualquer atividade que demande mais concentração. É nesse cenário que muitos adotam como aliado o  energético na rotina de  estudos. 

Mas os riscos de manter de forma diária o energético na rotina de estudos podem  trazer  muito mais prejuízos que vantagens. Um dos principais problemas associados aos energéticos é o elevado teor de açúcar, presente na maioria das formulações comerciais. Estudos relacionam o consumo excessivo de açúcar a diversos problemas de saúde, incluindo obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. 

Outro componente crítico é a cafeína, muitas vezes em concentrações muito superiores às encontradas no café ou no chá. O consumo excessivo de energéticos na rotina de estudos pode estar relacionado a palpitações cardíacas, insônia, ansiedade e até mesmo casos mais graves, como arritmias cardíacas. Além disso, a presença de ingredientes adicionais, como taurina e guaraná, também deve gerar alerta, com a interação entre esses componentes podendo  gerar pressão adicional sobre o sistema cardiovascular e nervoso.

A nutricionista e  docente do Centro Universitário UniBRAS Montes Belos, Leonora Francisca, alerta que manter o uso frequente do energético na rotina de estudos não é recomendado. “A  combinação de alta concentração de açúcar, cafeína e outros estimulantes presentes nos energéticos cria um coquetel que, quando consumido em excesso, pode ter implicações sérias para a saúde a longo prazo”,explica.  

No entanto, é compreensível a busca por bebidas energéticas para auxiliar em atividades que exigem mais concentração. A boa notícia é que existem sim alternativas saudáveis! Recomendadas pela nossa especialista, elaboramos uma  lista com 5 opções saudáveis para retirar o energético da rotina de estudos. Seguem abaixo:

  • Chá-verde

Fortemente consumido nos países asiáticos, o chá-verde é uma  excelente alternativa  para quem busca retirar o energético da rotina de estudos. Além disso,  há várias opções  de blends que acompanham o chá verde, com versões com limão e outras fruta,s e também o  matchá, uma espécie de chá verde em pós elaborado  segundo uma  técnica japonesa em que as folha são secas e depois moídas, podendo ser consumido inclusive com  leite. 

De acordo  com  Leonora, o chá-verde tem sido extensivamente pesquisado pela sua riqueza em antioxidantes e cafeína. “Estudos evidenciam não apenas os efeitos estimulantes do chá-verde, mas também seus benefícios à saúde. Antioxidantes presentes na  bebida contribuem para a proteção celular, destacando-a como uma alternativa promissora”. 

  • Café

O clássico não sai de moda. O cafezinho tipicamente brasileiro também é uma excelente opção quando o assunto é não mais utilizar o energético na rotina de estudos. O clássico estimulante também recebe atenção significativa na literatura científica. Seu diferencial em relação à bebida ultraprocessada é que aqui a concentração de cafeína por quantidade ingerida é menor,  trazendo menos riscos. 

Vale lembrar que existem infinitas possibilidades de se consumir a bebida. É importante estar  atento, no entanto, às quantidades e também a maneira que está sendo consumido,  já que bebidas com  muitos açúcares,  por exemplo,  também trazem prejuízos à saúde. 

A docente explica que vários estudos exploram os mecanismos pelos quais o café, quando consumido sem excessos de açúcar e creme, pode oferecer benefícios à saúde, inclusive a pessoas que não estejam necessariamente interessadas nos efeitos energéticos da bebida, como aquelas em tratamentos quimioterápicos, que relataram diminuição nas náuseas induzidas pelos medicamentos.

  • Erva-mate

Seja como chimarrão do sul do Brasil, o mate nos vizinhos Paraguai, Uruguai e Argentina; ou por meio do tereré, bem comum no interior do estado de São Paulo e no Mato Grosso do Sul, a erva-mate é uma excelente alternativa para quem busca não recorrer ao energético na rotina de estudos. De origem indígena, a erva tornou-se parte fundamental da rotina dos habitantes de várias regiões da América do Sul, e é energética, excelente para acompanhar atividades diárias que exigem disposição e estar desperto. 

A bebida tem sido objeto de estudo de várias pesquisas na área nutricional. Os resultados sugerem que ela só fornece cafeína, mas também exibe propriedades benéficas à saúde, como ajuda no emagrecimento, auxilia no humor, e tem efeitos no controle do colesterol ruim e diabetes. 

Vale lembrar que, assim como o café, a erva-mate também pode ser consumida de várias maneiras, mas tem maiores benefícios quando não acompanhada de açúcar. 

  • Gengibre

O gengibre, conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias, também emerge como uma alternativa estimulante. De sabor controverso – há quem ama e quem deteste – a raíz pode ser um acompanhante diário de quem deseja substituir o energético na rotina de estudos. 

Podendo ser consumido tanto em alimentos quanto em bebidas, como chá e suco, ele também pode ser acompanhado de outros alimentos. Nos caso dos sucos, por exemplo,  pode  ser consumido com frutas. 

“Pesquisas indicam que o gengibre pode contribuir para o aumento de energia, além de fornecer outros benefícios para a saúde”, afirma Lionora. 

  • Água de coco

Parece estranho, mas a água de coco pode ser incluída nessa lista. Isso porque, mesmo sem cafeína, vários estudos já demonstraram que a bebida é uma escolha hidratante e repleta de eletrólitos, o que auxilia fortemente numa rotina de estudos diária. 

Também podendo ser consumida de várias maneiras e com  outros alimentos como frutas, a água de coco tem a capacidade de auxiliar na reidratação, a tornando uma opção refrescante para momentos em que a hidratação é essencial para manter a vitalidade.

Importante novamente destacar que, para ser uma alternativa saudável, a bebida deve ser consumida sempre, sem consumo excessivo de açúcares ou outros alimentos ultraprocessados. 

“Ao optar por essa e outras bebidas, os estudantes podem potencialmente melhorar sua energia e concentração, ao mesmo tempo em que promovem a saúde no geral. Entretanto, é crucial lembrar que o consumo deve ser equilibrado e individualizado, levando em consideração as necessidades específicas de cada pessoa”, alerta a professora.

(Texto: Bruno Correa – Assessoria de Comunicação Ecossistema BRAS Educacional)

Mulheres na ciência: pesquisadoras contam suas experiências

Mulheres na ciência: pesquisadoras contam suas experiências

Elas são menos de 30% do corpo científico mundial, mas estão dispostas a mudar esse cenário

Meninos não choram, meninas são delicadas. Homens trabalham fora, enquanto mulheres cuidam da casa. Meninos de azul, meninas de rosa! Essas dicotomias foram ensinadas de geração em geração, e deixaram marcas profundas. Uma delas foi nas escolhas profissionais. Pesquisas populacionais evidenciam uma maior presença feminina em profissões consideradas “sensíveis”, enquanto maior engajamento masculino em exatas e ciências. O resultado desse quadro é um esvaziamento na presença de mulheres na ciência, fato que reflete diretamente na produção científica mundial.

É evidente que todos podem optar pela profissão com maior afinidade. A questão é quando há pressões sociais que influenciem essa escolha.  Desde a ausência de estudos cruciais sem a menor participação de mulheres, seja do lado do pesquisador ou dos pesquisados; até uma forte disparidade salarial, o vazio feminino nas áreas de pesquisa e desenvolvimento científico resulta em fortes prejuízos sociais. De olho nessa discrepância, o Unicef instituiu, em 2015, o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. O objetivo é alertar e despertar reações para que tenhamos cada vez mais mulheres na ciência, revertendo o cenário atual.

Resumidas por meio da sigla com iniciais em inglês STEM – Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, essas áreas são de crucial importância para terem uma maior presença feminina, com foco em diminuir a desigualdade entre homens e mulheres. Apesar das mulheres serem maioria na Educação em várias regiões do mundo, incluindo o Brasil, elas ainda não têm suficiente representatividade nessas áreas específicas, sejam com atuação profissional ou de pesquisa. Isso se torna ainda mais relevante quando, de acordo com estudos do próprio Unicef, as STEM ocuparão 75% dos postos de trabalho em 2050.

Áreas como arquitetura, comunicação e estudos linguísticos são majoritariamente preenchidas com profissionais femininos; enquanto as engenharias, física e química mostram um forte efetivo de homens. Assim, para que alcançar a maior isonomia entre os gêneros, com cenário de maior independência financeira e melhor distribuição de renda, bens e serviços, é indispensável a presença de mulheres na ciência. 

Importante notar também que o dia instituído pelo Unicef faz uma clara referência às meninas. Isso é reflexo dos estudos realizados sobre o tema, que mostram que essa pressão assumida sobre suas escolhas vocacionais começa a ser exercida ainda na infância e adolescência. Nesse caso, torna-se importante o incentivo ao conhecimento das profissionais e a maior liberdade dada às pequenas, que na fase adulta serão peças fundamentais da maior presença de mulheres na ciência.

Cientes da nossa missão institucional como educadores, e também orgulhosos da presença feminina em nosso corpo docente e discente, angariamos aqui duas histórias de docentes do Ecossistema BRAS Educacional que atuam diretamente na área da pesquisa. Nossa intenção é refletir sobre nosso papel e incentivar a presença feminina em todos os nichos do conhecimento e profissionais. Abaixo temos relatos de mulheres na ciência!

“Eu sempre quis, era meu sonho desde criança” 

Glaucenyra Silva – pesquisadora e docente no curso de Medicina Veterinária UniBRAS Quatro Marcos Com o pai engenheiro, e uma imensa facilidade com as ciências exatas, a professora Glaucenyra Silva tinha tudo para seguir os mesmo passos que o genitor. Mas o amor que tinha pelos animais era um fator importante. Como na área de Medicina Veterinária a facilidade pelas contas também é um ponto forte, ela resolveu unir as duas coisas. Mas numa coisa pai e filha tiveram em comum: optaram pela docência. “Aos 17 anos, eu tive um problema de saúde, e não respondia muito bem aos tratamentos, um problema auto imune. Foi feita uma junta médica e me aconselharam a não cursar medicina veterinária ou transferir para outro curso, pelos riscos. Eu não aceitei e continuei meu curso”, conta a pesquisadora. Se inspirando no pai, Glaucenyra conta que sabia que se quisesse ser professora seria importante fazer mestrado. Por isso, durante a graduação participou de projetos de extensão e iniciação científica, para publicação de resumos e tentar vaga no mestrado depois de graduada. Daquele ponto seguiu adiante na carreira acadêmica, com mestrado e doutorado. Ela conta, inclusive, que deixou uma vaga de concurso público no Mato Grosso para assumir um doutorado na UNESP, em Jaboticabal (SP).Após finalizar, ela voltou para o Mato Grosso, deu aulas em Barra do Garças, quando surgiu uma oportunidade de pós-doutorado em Cuiabá. Era uma forma de se aperfeiçoar em uma área que ainda não dominava, a Biologia Molecular, e também voltar para casa para ajudar a cuidar de seu pai, diagnosticado com Alzheimer.“Eu sou muito curiosa, e gosto muito de saber o porquê das coisas. O que aconteceu, como aconteceu e como pode ser resolvido. Por isso hoje sou epidemiologista. Acho que a ciência é isso. Ela nos traz respostas e mais respostas. E isso a torna encantadora, porque não acaba. Você descobre algo hoje aqui , mas já mudou em outro aspecto e já temos que buscar uma nova resposta”, explica. Ao ser questionada sobre o sexismo na área, a docente expõe que a área da ciência e pesquisa pode ser realmente desafiadora para as mulheres. Além das classes serem dominadas pelos homens, na graduação ela teve dificuldade em encontrar estágio em algumas área, principalmente de grandes animais, já que havia havia forte preferência masculina. Para ela essa situação ainda não mudou, embora já esteja mais acessível. “Na pesquisa, por conta dos projetos, a maioria tem que ir a campo fazer coleta de material, ou em frigorífico. Essas ações são consideradas mais fáceis para homens”, conta. No entanto, Glacenyra não só foi persistente, como encoraja que meninas sigam carreira na área. “Temos capacidade, força, persistência, e contribuímos com responsabilidade, dedicação e leveza. Sigam seu sonho e persistam, O caminho é longo mas muito gratificante”.“Desde pequena, sempre fui de muitos ‘porquês’” 

Glaucenyra Silva – pesquisadora e docente no curso de Medicina Veterinária UniBRAS Quatro Marcos 


Com o pai engenheiro, e uma imensa facilidade com as ciências exatas, a professora Glaucenyra Silva tinha tudo para seguir os mesmo passos que o genitor. Mas o amor que tinha pelos animais era um fator importante. Como na área de Medicina Veterinária a facilidade pelas contas também é um ponto forte, ela resolveu unir as duas coisas. Mas numa coisa pai e filha tiveram em comum: optaram pela docência. 

“Aos 17 anos, eu tive um problema de saúde, e não respondia muito bem aos tratamentos, um problema auto imune. Foi feita uma junta médica e me aconselharam a não cursar medicina veterinária ou transferir para outro curso, pelos riscos. Eu não aceitei e continuei meu curso”, conta a pesquisadora. 

Se inspirando no pai, Glaucenyra conta que sabia que se quisesse ser professora seria importante fazer mestrado. Por isso, durante a graduação participou de projetos de extensão e iniciação científica, para publicação de resumos e tentar vaga no mestrado depois de graduada. Daquele ponto seguiu adiante na carreira acadêmica, com mestrado e doutorado. Ela conta, inclusive, que deixou uma vaga de concurso público no Mato Grosso para assumir um doutorado na UNESP, em Jaboticabal (SP).

Após finalizar, ela voltou para o Mato Grosso, deu aulas em Barra do Garças, quando surgiu uma oportunidade de pós-doutorado em Cuiabá. Era uma forma de se aperfeiçoar em uma área que ainda não dominava, a Biologia Molecular, e também voltar para casa para ajudar a cuidar de seu pai, diagnosticado com Alzheimer.

“Eu sou muito curiosa, e gosto muito de saber o porquê das coisas. O que aconteceu, como aconteceu e como pode ser resolvido. Por isso hoje sou epidemiologista. Acho que a ciência é isso. Ela nos traz respostas e mais respostas. E isso a torna encantadora, porque não acaba. Você descobre algo hoje aqui , mas já mudou em outro aspecto e já temos que buscar uma nova resposta”, explica. 

Ao ser questionada sobre o sexismo na área, a docente expõe que a área da ciência e pesquisa pode ser realmente desafiadora para as mulheres. Além das classes serem dominadas pelos homens, na graduação ela teve dificuldade em encontrar estágio em algumas área, principalmente de grandes animais, já que havia havia forte preferência masculina. Para ela essa situação ainda não mudou, embora já esteja mais acessível. 

“Na pesquisa, por conta dos projetos, a maioria tem que ir a campo fazer coleta de material, ou em frigorífico. Essas ações são consideradas mais fáceis para homens”, conta. No entanto, Glacenyra não só foi persistente, como encoraja que meninas sigam carreira na área. “Temos capacidade, força, persistência, e contribuímos com responsabilidade, dedicação e leveza. Sigam seu sonho e persistam, O caminho é longo mas muito gratificante”.

“Desde pequena, sempre fui de muitos ‘porquês’” 
Nathalia Borges – pesquisadora, docente e coordenadora dos cursos de Fisioterapia, Educação Física e Estética e Cosmética do UniFACTHUSQuando criança, Nathalia era curiosa e adorava fazer experimentos. Para ela, isso se projetou na sua escolha profissional, hoje pesquisadora. Já no início da sua graduação, ela se envolveu em projetos de iniciação científica, que proporcionou seu primeiro contato com a pesquisa.  “Eu me via apaixonada, não só pela oportunidade em cuidar de pessoas. Me realizava com a formação de fisioterapeuta, mas também encantada pela oportunidade em investigar e desenvolver novos tratamentos que pudessem trazer maiores benefícios aos pacientes, e melhor direcionamento para os profissionais na prática clínica”, conta.Sua primeira pesquisa gerou excelentes resultados, e teve publicação internacional. Essa experiência foi fundamental para que a docente mergulhasse de vez no universo da ciência, se dedicando durante anos de mestrado e doutorado, e orgulhosamente se tornando pesquisadora pela USP de Ribeirão Preto (SP). Atuando em um dos maiores centros de pesquisa do país, Natalia seguiu com sua atuação em pesquisa, com várias publicações em revistas internacionais renomadas de alto fator de impacto. Felizmente, a docente explica que nunca houve barreiras de gênero para sua atuação como cientista, mas entende que essa não é a realidade. “Essa foi a minha experiência, mas nem sempre foi assim para as mulheres na ciência. Foram décadas e décadas para conquistar nosso espaço, e mostrar nossa competência e capacidade perante o desenvolvimento científico. Me sinto orgulhosa em fazer parte dessa história e nos dias de hoje, dentre diversas outras mulheres pesquisadoras, representar essa conquista”.Como inspiração para meninas que queiram se engajar na Ciência, a professora cita Marie Curie, cientista francesa talentosíssima, primeira mulher a vencer um Nobel. Em sua atuação, a Marie enfrentou muitas adversidades no seu desenvolvimento de estudos, mas resistiu a todos eles. (Texto: Bruno Correa – Assessoria de Comunicação do Ecossistema BRAS Educacional)
Nathalia Borges – pesquisadora, docente e coordenadora dos cursos de Fisioterapia, Educação Física e Estética e Cosmética do UniFACTHUS

Quando criança, Nathalia era curiosa e adorava fazer experimentos. Para ela, isso se projetou na sua escolha profissional, hoje pesquisadora. Já no início da sua graduação, ela se envolveu em projetos de iniciação científica, que proporcionou seu primeiro contato com a pesquisa.  “Eu me via apaixonada, não só pela oportunidade em cuidar de pessoas. Me realizava com a formação de fisioterapeuta, mas também encantada pela oportunidade em investigar e desenvolver novos tratamentos que pudessem trazer maiores benefícios aos pacientes, e melhor direcionamento para os profissionais na prática clínica”, conta.

Sua primeira pesquisa gerou excelentes resultados, e teve publicação internacional. Essa experiência foi fundamental para que a docente mergulhasse de vez no universo da ciência, se dedicando durante anos de mestrado e doutorado, e orgulhosamente se tornando pesquisadora pela USP de Ribeirão Preto (SP). Atuando em um dos maiores centros de pesquisa do país, Natalia seguiu com sua atuação em pesquisa, com várias publicações em revistas internacionais renomadas de alto fator de impacto. 

Felizmente, a docente explica que nunca houve barreiras de gênero para sua atuação como cientista, mas entende que essa não é a realidade. “Essa foi a minha experiência, mas nem sempre foi assim para as mulheres na ciência. Foram décadas e décadas para conquistar nosso espaço, e mostrar nossa competência e capacidade perante o desenvolvimento científico. Me sinto orgulhosa em fazer parte dessa história e nos dias de hoje, dentre diversas outras mulheres pesquisadoras, representar essa conquista”.

Como inspiração para meninas que queiram se engajar na Ciência, a professora cita Marie Curie, cientista francesa talentosíssima, primeira mulher a vencer um Nobel. Em sua atuação, a Marie enfrentou muitas adversidades no seu desenvolvimento de estudos, mas resistiu a todos eles. 

(Texto: Bruno Correa – Assessoria de Comunicação do Ecossistema BRAS Educacional)
Inauguração da Clínica de Odontologia do Centro Universitário UniBRAS Montes Belos: um marco para a saúde bucal local

Inauguração da Clínica de Odontologia do Centro Universitário UniBRAS Montes Belos: um marco para a saúde bucal local

No último dia 26 de janeiro, o Centro Universitário UniBRAS Montes Belos celebrou um momento significativo para a instituição e a comunidade local: a inauguração da tão aguardada Clínica de Odontologia. O evento contou com a presença de autoridades acadêmicas, professores, alunos e membros da comunidade, marcando o início de uma nova era para a formação em odontologia na região.

A cerimônia de inauguração foi conduzida pelo Reitor da instituição, Antônio Florentino, que expressou sua satisfação em ver a concretização desse projeto. Ele destacou a importância da clínica não apenas como um espaço de aprendizado para os alunos do curso de Odontologia, mas também como um serviço valioso para a população local.

A Clínica de Odontologia UniBRAS Montes Belos é equipada com tecnologia de ponta e oferece uma ampla gama de serviços odontológicos, proporcionando aos estudantes a oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula na prática clínica. Além disso, a comunidade terá acesso a atendimentos de qualidade, promovendo a saúde bucal na região.

Antônio Florentino ressaltou que a clínica é um reflexo do compromisso da instituição com a excelência acadêmica e o impacto positivo na sociedade. “Estamos investindo não apenas em infraestrutura, mas na formação de profissionais capacitados e conscientes de sua responsabilidade social”, afirmou o Reitor.

O Centro Universitário UniBRAS Montes Belos reafirma seu compromisso com o desenvolvimento educacional e comunitário, proporcionando oportunidades de aprendizado prático e contribuindo para o bem-estar da população local através da Clínica de Odontologia.

A nova clínica representa mais um passo na consolidação do UniBRAS Montes Belos como referência em educação e saúde na região. A instituição continua focada em oferecer uma formação de qualidade, aliando teoria e prática para preparar profissionais competentes e comprometidos com o serviço à sociedade.

UniBRAS Montes Belos promove o VII Encontro Integrado de Formação Docente: momento de integração e conhecimento docente

UniBRAS Montes Belos promove o VII Encontro Integrado de Formação Docente: momento de integração e conhecimento docente

Nesta última semana, o Centro Universitário UniBRAS Montes Belos foi palco do VII Encontro Integrado de Formação Docente, um evento marcante que reuniu todos os docentes da IES. Com um clima de interação, comunicação e busca por conhecimento, o encontro proporcionou um ambiente propício para a troca de experiências e o aprimoramento das práticas pedagógicas.

Durante o evento, os participantes tiveram a oportunidade de participar de momentos inspiradores e discussões construtivas sobre as tendências e desafios atuais no campo da educação. O encontro não apenas fortaleceu os laços entre os profissionais de ensino, mas também estimulou a reflexão sobre novas abordagens e metodologias de ensino.

A UniBRAS, comprometida com a qualidade acadêmica e o desenvolvimento contínuo de seus docentes, reforça a importância desses encontros como um meio fundamental para aprimorar a prática educacional, alinhar estratégias pedagógicas e promover uma educação de excelência.

O VII Encontro Integrado de Formação Docente foi mais uma iniciativa que reforça o compromisso do Centro Universitário UniBRAS Montes Belos em proporcionar um ambiente de aprendizado significativo, contribuindo para a formação integral e o sucesso dos nossos alunos. Agradecemos a todos os participantes pelo engajamento e pela construção coletiva desse momento enriquecedor para a nossa comunidade acadêmica.

Educação em sustentabilidade: o que se leva para a sala de aula quando o assunto é meio ambiente?

Educação em sustentabilidade: o que se leva para a sala de aula quando o assunto é meio ambiente?

Se o planeta está em desequilíbrio e a educação é a resposta, educadores não podem mais ignorar a questão socioambiental

Parece utópico, quase impossível, insolucionável. Mas enquanto do ponto de vista político e social as mudanças climáticas ainda não são um consenso, do ponto de vista científico não há espaço para dúvidas. Se a sociedade ainda não está convencida, e menos ainda preparada para enfrentar o problema, as instituições de ensino têm um papel chave nessa dinâmica. É por isso que tem sido cada vez mais discutido os enlaces da educação em sustentabilidade. Para especialistas, a educação é imprescindível para reverter essa realidade.

Nos últimos anos, o clima tem demonstrado que há um desequilíbrio em processo. Ondas de calor ou frio em intensidades nunca vistas, secas e enchentes inéditas ou em locais inusitados, tempestades com frequência e força jamais registradas. Para os defensores de que a consciência ambiental é puro alarmismo há cada vez mais dificuldade em defender hipóteses apocalípticas. Para além da educação em sustentabilidade, o ser humano está enxergando na prática as consequências de seus hábitos, comportamentos e escolhas. 

Pouco antes de 2023 terminar, o Copernicus – Programa da União Europeia de Observação da Terra – já alertava que as médias registradas até então mostravam que o ano finalizaria como o mais quente da história, estando quase 1,5°C acima da média. Esses dados coincidem com as ondas de calor que assolaram o território brasileiro na primavera de 2023, trazendo recordes de temperatura em várias regiões do país. 

No entanto, segundo levantamento do grupo de monitoramento de notícias falsas sobre a mudança climática, o Stop Funding Heat, notícias negacionistas receberam entre 800 mil e 1,3 milhão de cliques diários no Facebook em 2021, sendo que a maioria esmagadora delas não foi checada pela rede social. No mundo inteiro, políticos dos mais variados espectros ideológicos seguem sendo negacionistas climáticos, utilizando argumentos falsos para acumular ganhos eleitoreiros – como o falso antagonismo entre medidas climáticas e o bom desempenho econômico –  e assim barrar iniciativas de sustentabilidade em seus governos. 

É nesse cenário de tantos paradoxos que os ativistas climáticos insistem fortemente na necessidade de educação em sustentabilidade. Essa tarefa de caminho tortuoso delegada às instituições de ensino e seus educadores deve ser, portanto, muito bem executada para que se tenha efetividade. Para entender melhor essas nuances, conversamos com dois especialistas da área, acompanhando como o assunto deve ser abordado, e assim reverter as mudanças climáticas e salvar a existência da vida humana e de outras espécies. 

A percepção dos educadores

Embora a educação em sustentabilidade esteja em alta como novos desafios das instituições de ensino, ela não é novidade. Prova disso é que o Ministério da Educação tem, desde 1999, suas diretrizes sobre a educação ambiental, a Lei 9.795. Ela estabelece as  principais temáticas e enfoques que os educadores devem ter ao trabalhar o assunto em  todos os níveis de ensino, desde os iniciais até o ensino superior. A legislação também indica a educação de forma não-formal, isto é, fora das instituições de ensino, por meio de campanhas educativas, entre elas o Junho Verde. 

A bióloga e docente do Centro Universitário UniBRAS Montes Belos, Lilian Regina, é enfática ao afirmar que o principal recurso para reverter a mudança climática é a educação. Ela argumenta que sem uma consciência sobre a dimensão do problema, daremos inúmeras voltas ao redor de discussões radicais que demonizam o desenvolvimento econômico em detrimento ao ambiental, como se eles fossem antagônicos, e que na realidade não são.

“Sem educação ambiental efetiva, em todo o seu contexto político, de cidadania e pertencimento, não avançaremos numa discussão que ultrapasse a utopia de países ricos negociarem créditos de carbono, enquanto países menos desenvolvidos economicamente esmagam seus valores sociais em detrimento da ‘preservação ambiental’”, provoca.

Para a docente, é preciso discutir educação ambiental em seu contexto político. Dessa forma, ela indica que aborda temas como consumo consciente, práticas sustentáveis de manejo e produção agropecuária, Agenda 21, entre outros. Segundo Lilian, seu objetivo é trazer à luz da discussão contextos sociais e políticos como agentes de transformação para a sustentabilidade em harmonia com o desenvolvimento econômico, relativizando os conflitos atuais entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade. Mas ela garante que, ainda assim, a tarefa não é fácil. 

“É difícil discutir assuntos dessa natureza, num mundo tão polarizado politicamente, onde todos os temas políticos não-partidários e não relacionados aos pleitos ou mandatos para o executivo ou legislativo são sempre compreendidos dentro desse contexto, e não como discussão cidadã e consciente sobre fatos que afetam a todos de igual forma”. 

A percepção de que a educação em sustentabilidade passa pelo espectro político também é compartilhada pelo pedagogo e docente da UniBRAS Digital, Rafael Moreira. Para ele, é preciso que o aluno entenda que a sustentabilidade também mexe com os aspectos sociais, como qualidade de vida e bem-estar, desenvolvimento social e econômico. O docente explica que a sustentabilidade vai além de preservar os recursos naturais.

“Eu digo que é uma questão muito mais que multidisciplinar, mas também interdisciplinar e transdisciplinar, porque a sustentabilidade engloba várias disciplinas, áreas do conhecimento, habilidades e competências”, explica o pedagogo.

A reação dos alunos

Para além da estranha dualidade entre o iminente colapso climático e o negacionismo como tendência política, os educadores têm em essa sala de aula os tradicionais desafios de educar para diferentes níveis de idade, ao mesmo tempo que lutam para inserir a educação  em sustentabilidade no cotidiano do aluno, já que se não houver essa proximidade, não há criação de consciência ambiental, muito menos o desenvolvimento de qualquer ação prática em resposta ao problema. 

Além disso, os educadores também estão na linha de frente desse processo civilizatório, e há muita vulnerabilidade nessa função. Nos últimos anos, muitos professores foram confrontados em sala por estudantes e pais ávidos por controle de pautas educacionais e acusações infundadas de doutrinação ideológica. Essas questões elevam ainda mais a responsabilidade educacional das instituições de ensino, que precisam conter em seus  planejamentos pedagógicos tanto ferramentas de contenção e proteção de seus educadores quanto dinâmicas educativas capazes de superar esses desafios. 

O professor Rafael Moreira explica que é fundamental que as instituições de ensino tenham foco em inserir a educação em sustentabilidade de uma maneira integrada às pautas em geral, e não somente em momentos e campanhas específicas. Na visão dele, isso desperta no aluno a ideia de que a questão ambiental é um tópico disperso de outros assuntos, quando na realidade ela deve estar inserida nos mais diversos nichos sociais.

“Eu penso que nós como educadores temos que deixar de abordar esse tema só como se fosse um projeto em específico. A sustentabilidade deve estar atrelada à educação de forma constante, não só como currículo base, mas também como atividades diversificadas como projetos de extensão, orientações em contextos de estágio e trabalho de conclusão de curso, por exemplo. O que percebo é que para além da emergência climática, há hoje práticas isoladas, somente quando há provocativas, e precisamos evoluir com relação a isso”, aponta. 

Para ele, essa visão isolada de sustentabilidade como projeto faz com que a escola não aborde a questão ambiental de forma contínua e suficiente para mudar a realidade da maneira como necessitamos. Ao contrário: ela acaba confinada a exercícios e campanhas específicas. Assim, é necessário fazer com que a educação em sustentabilidade seja mais visível, para que os alunos entendam de uma vez por todas que a consciência ambiental precisa estar presente de forma generalizada nas ações e planejamentos cotidianos.

Esse pensamento do docente está bastante atrelado à base teórica dos pilares da sustentabilidade. Criada em 1994 pelo sociólogo e consultor John Elkington, essa visão argumenta que, para que seja alcançada a sustentabilidade, é preciso olhar, para além da questão ambiental, também os pilares sociais e econômicos. Em outras palavras, a sustentabilidade não pode ser alcançada sem que haja igualdade de recursos, bem-estar social, educação de qualidade para todos, e também o correto cuidado com a economia. 

John Elkington também explica, por meio de várias obras lançadas na década de 90, que não há antagonismo entre sustentabilidade e economia, ou seja, não é preciso abrir mão dos recursos financeiros para que se cuide dos recursos naturais. Pelo contrário: elas podem e devem andar juntas. Isso porque sem o devido cuidado com a economia, não há  a justiça social necessária para que se crie um ambiente estável para as práticas sustentáveis. Ao mesmo tempo, sem o devido cuidado com a natureza, os prejuízos financeiros são inevitáveis, mais cedo ou mais tarde. 

Essa visão colabora fortemente com a discussão de preservação da floresta amazônica, por exemplo, já que grande parte dos agentes do desmatamento são grileiros que se aproveitam da vulnerabilidade social dos habitantes da região para colocar a floresta abaixo. Por outro lado, o uso ostensivo das regiões desmatadas para a agricultura também não traz avanços econômicos duradouros e significativos, já que as terras não são apropriadas para o plantio, e acabam inutilizadas em pouco tempo. 

Mas se a floresta estiver de pé, há condições suficientes para que sejam colocadas em prática atividades econômicas que tragam prosperidade aos moradores, sem que seja necessário destruir o bioma. No caso da região amazônica, a produção ecológica de açaí, cacau e o extrativismo da castanha do Pará são exemplos de como se pode movimentar milhões e trazer estabilidade financeira a muitas famílias da região sem qualquer prejuízo ambiental.

Para a professora Lilian Regina, trazer essa consciência aos alunos é um dos maiores desafios da sua docência, já que na região onde atua o agro é muito forte. Ela explica que toda conversa sobre sustentabilidade acaba encontrando resistência da base do agronegócio em função da ignorância de líderes da área sobre o tema. Por isso, aponta que a educação em sustentabilidade passa inevitavelmente pela economia, sociedade e ambiente, e não somente pela questão ambiental divorciada de todos os fatores que a constroem. 

A docente ainda destaca que não é possível se distanciar das discussões políticas e sociais para discutir o tema. “Esse é o ponto mais delicado. Por isso, trabalho esse conteúdo com amparo legal e suas aplicações. Há reflexões sobre ética ambiental, consumo desenfreado, o conceito de sustentabilidade, crise ambiental, como também políticas ambientais, com foco nas ações do estado e na participação da sociedade comum”. 

Lilian explica que há, inicialmente, um estranhamento por parte dos alunos quando se aborda a proximidade da educação em sustentabilidade com política e sociedade, já que na visão inicial deles, o tema deveria ser tratado somente com ideias e projetos pontuais. Mas conforme o diálogo vai caminhando, surge a percepção de que essas ações apenas protelam discussões mais amplas.

“Os alunos não costumam reagir bem se não começarmos pisando em ovos e com toda a narrativa pronta para direcioná-los a reflexão sobre os fatos. Creio que este trabalho necessite de ações contínuas desde a base até o ensino superior. Só assim a educação em sustentabilidade será efetiva”. 

(Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação do Ecossistema BRAS Educacional)

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